Literatura

Marcelo, marmelo, martelo



Ruth Rocha convida os leitores a acompanhar a história do meninoMarcelo ( Marcelo, marmelo, martelo) que em seu cotidiano questiona sobre todas as coisas , e além disso, inventa palavras, adotando um vocabulário próprio . Cria um mundo com diferentes significados para as coisas que o rodeia! Afinal, ele quer saber o por que ele se chama Marcelo e não marmelo ou martelo.










_____________________________________________________________________

Atrás da Porta



O leitor pretendido para esse livro de Ruth Rocha é aquele que quer incentivar a leitura, a contação de história, o uso da Biblioteca!

Conta a história de D. Carlotinha, uma avó que todos gostariam de ter. Aquela avó participava das brincadeiras, cantava histórias, fazia teatro de bonecos, etc. Uma avó que conseguira mostrar que por "Atrás da Porta" e pela oralidade através da leitura podemos fazer com que as crianças queiram descobrir outros mundos...

O que existe "Atrás da Porta"?


A Biblioteca.


___________________________________________________________________ 

Oito anos

Por que você é flamengo
E meu pai botafogo?
O que significa
"impávido colosso"?
Por que os ossos doem
Enquanto a gente dorme?
Por que que os dentes caem?
Por onde os filhos saem?
Por que os dedos murcham
Quando estou no banho?
Por que as ruas enchem
Quando está chovendo?
Quanto é mil trilhões
Vezes infinito?
Quem é jesus cristo?
Onde estão meus primos?
Well, well, well
Gabriel...(bis)
Por que o fogo queima?
Por que a lua é branca?
Por que a terra roda?
Por que deitar agora?
Por que as cobras matam?
Por que o vidro embaça?
Por que você se pinta?
Por que o tempo passa?
Por que que a gente espirra?
Por que as unhas crescem?
Por que o sangue corre?
Por que que a gente morre?
Do que é feita a nuvem ?
Do que é feita a neve?
Como é que se escreve
Reveillòn? well, well, well, gabriel...(bis)


Composição : Paula Toller
________________________________________________________________________

O Silêncio
Composição : Carlinhos Brown / Arnaldo Antunes 
Antes de existir computador
existia tevê
antes de existir tevê
existia luz elétrica
antes de existir luz elétrica
existia bicicleta
antes de existir bicicleta
existia enciclopédia
antes de existir enciclopédia
existia alfabeto
antes de existir alfabeto
existia a voz
antes de existir a voz existia o silêncio
o silênciofoi a primeira coisa que existiu
um silêncio que ninguém ouviu
astro pelo céu em movimento
e o som do gelo derretendoo
barulho do cabelo em crescimento
e a música do vento
e a matéria em decomposição
a barriga digerindo o pão
explosão de semente sob o chão
diamante nascendo do carvão
homem pedra planta bicho flor
luz elétrica tevê computador
batedeira, liquidificador
vamos ouvir esse silêncio meu amor
amplificado no amplificador
do estetoscópio do doutor
no lado esquerdo do peito, esse tambor

_______________________________________________________________________

Língua
Caetano Veloso

Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
"Minha pátria é minha língua"
Fala Mangueira! Fala!
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E - xeque-mate - explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ã
De coisas como rã e ímã
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
e Maria da Fé
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?
Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
(- Será que ele está no Pão de Açúcar?
- Tá craude brô
- Você e tu
- Lhe amo
- Qué queu te faço, nego?
- Bote ligeiro!
- Ma'de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
- Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
- I like to spend some time in Mozambique
- Arigatô, arigatô!)
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem.