Falar é diferente de escrever
De acordo com o autor a escrita é algo inventado pelo homem para representar a fala através de formas gráficas. Já a linguagem oral é um fato social, no sentido de que todos os falantes contribuem para formar, preservar e mudar as linguas do mundo.
No caso da escrita, há sempre um poder governamental que estabelece normas e fixa convenções, nem sempre acatando os usos estabelecidos na sociedade. Nenhum governo tem domínio sobre o dialeto padrão, uma norma culta de fala, mas pode facilmente controlar a ortografia.
Existem dois tipos de sistema de escrita o fonográfico e o ideograáico. O português é fonográfico. Pondo em prática o reconhecimento gráfico das letras e atribuindo os sons, pode-se decifrar grande parte da palavra. mas para que a tarefa se complete, é preciso descobrir que palavra está escrita. Aí surgi uma dificuldade no sistema de escrita porque a linguagem oral varia muito e a escrita precisa permanecer imutável ao longo do tempo.
Nós os professores sabemos que essa é uma grande dificuldade apresentadas pelas crianças. Elas têm dúvidas sobre como se escreve esta ou aquela palavra. sabe-se que algumas letras tem o mesmo som como no caso de CH e X, O e U, E e I e outras.
O autor afirma a esse respeito que a escrita deixa de ser fonográfica e se torna ideográfica o valor fonético do alfabético é substituído pelo valor ideográfico da ortografia. O sistema de escrita vive em função de regras. Afirma que uma pessoa que lê ou escreve põe em prática essas regras. Sem elas ninguém é capaz de ler e escrever. De acordo com ele, o segredo da alfabetização está justamente no conhecimento que o usuário precisa ter destas regras e da escrita em geral.
Dessa forma pode-se perceber que as marcas de oralidade na escrita, seram mais frequentes tanto quanto menor for o conhecimento do sujeito em relação as regras do sistema de escrita e da escrita em geral.
CAGLIARI, Luiz Carlos Cagliari. A chave da decifração. Unicamp- IEL, 1992 (texto datilografado)
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