segunda-feira, 27 de junho de 2011

Como desenvolver o trabalho com a linguagem oral na escola?


No ensino de linguagem oral, não é suficiente preocupar-se apenas com os aspectos sonoros como entoação, clareza, altura da voz, dicção e outros (materialidade fônica do discurso), uma vez que essa é apenas uma das características dos discursos produzidos em linguagem oral, e nem de longe é aquela que, de fato, diferencia linguagem oral de linguagem escrita. O fundamental é discutir as questões relacionadas com:
  • as formas de organização do discurso que a situação exige;
  • a adequação desse discurso ao interlocutor;
  • os procedimentos que se devem adotar para produzir um discurso nas diferentes situações, entre outros aspectos.
É preciso, também, compreender que a escola precisa priorizar, no ensino, as situações públicas de comunicação oral – seminários, mesas-redondas, debates, apresentações temáticas, palestras, por exemplo –, e não as situações de comunicação cotidianas, dado que estas são aprendidas independentemente da escola.

Sabemos que somente as características sonoras e gráficas não caracterizam as linguagens oral e escrita e que, mais do que estabelecer dicotomias entre ambas, o importante é analisar detidamente suas características a partir do contexto que determinou e orientou a produção do discurso. No entanto, isso não significa que, no ensino, se deva ignorar a distinção entre linguagem oral e linguagem escrita.

Ao contrário: conhecer os traços que distinguem as duas linguagens é muito importante para que se possa orientar o ensino, para que se possam organizar situações de aprendizagem que possibilitem ao aluno aprender, efetivamente.

Do mesmo modo, é necessário saber sobre o processo de produção dos discursos orais:
  • Como se dá o seu planejamento?
  • Qual a relação existente entre o processo de produção e o de publicação?
  • Que características textuais eles apresentam, para que se possa orientar os alunos de maneira que aprendam a produzir discursos orais eficazes?
É preciso, então, superar a idéia comum de linguagem oral como sendo o lugar da espontaneidade, do expressar-se livremente, do falar sobre si, distraidamente. Na verdade, a escola deve entender que produzir discursos em linguagem oral significa organizar a fala em gêneros discursivos, que possuem características próprias, os quais, quando desconhecidos, precisam ser aprendidos e podem ser ensinados. Mais que simples conversa coloquial, a linguagem oral caracteriza-se por ser uma prática social discursiva que se realiza em diferentes circunstâncias orientadas por variados parâmetros.

A partir dessas considerações, que pressupostos devem orientar a prática pedagógica no ensino de linguagem oral?

De modo geral, podemos dizer que o trabalho com a linguagem oral precisa ser organizado a partir dos seguintes pressupostos:

a) os conteúdos de ensino que se referem
  • aos gêneros discursivos e suas características constitutivas;
  • ao estudo do contexto de produção dos discursos;
  • às estratégias e procedimentos utilizados na produção e na escuta dos discursos;
b) as expectativas de aprendizagem estão relacionadas
  • à necessidade de adequação da produção oral;
  • às características do contexto de produção;
  • à necessidade de utilização das estratégias e procedimentos adequados à escuta, produção e revisão dos discursos orais produzidos.
A seleção dos gêneros deve ocorrer tomando-se como critério a sua relevância social, tanto para a vida escolar como para a extra-escolar. Nessa perspectiva, é necessário que gêneros como o seminário, a apresentação expositiva de pesquisa realizada, a discussão para organização do conhecimento (realizada entre professores e alunos), a mesa-redonda, o debate sejam temas no trabalho educativo.

Para tanto, tal como para o trabalho com a linguagem escrita, os professores precisam conhecer:
  • as características dos gêneros que serão trabalhados;
  • os procedimentos e estratégias que necessitam ser aprendidos para que os discursos possam ser produzidos e ouvidos.
Mais uma vez, é importante recuperar a idéia de que é fundamental ter-se clareza a respeito do que se pretende que os alunos aprendam:
  • as expectativas de aprendizagem, que determinam objetivos de ensino a serem definidos;
  • o que necessita ser tematizado para que se aprenda;
  • o que se pretende;
  • os conteúdos de ensino;
  • quais informações são necessárias em uma atividade para que a aprendizagem pretendida possa ser bem-sucedida;
  • o modo de organização didática da atividade proposta.

Imagem
: Alunos simulam um programa de entrevista de TV
Foto: Arrastão
Fonte: Educarede

domingo, 26 de junho de 2011

Importância da linguagem oral e escrita!!!





O

R

A

L

IDADE !!!



A ORALIDADE NO ESPAÇO DA SALA DE AULA!



Para tentar entender a questão da oralidade no espaço da sala de aula, primeiramente devemos conceituá-la e entendê-la.
Partindo de uma primeira premissa de que é importante o desenvolvimento da oralidade em sala de aula, nota-se que se faz necessário seguir normas e padrões para se ter o uso da oralidade de forma eficiente. Mas, então, podemos nos perguntar o que seria a norma culta? O que é o ensino do uso da língua em contraposição a descrição da língua?
Ramos (1997, p.2) nos diz que “é um truísmo afirmar que descrição e uso são atividades independentes e que uma ao implica a outra”. Um sujeito pode fazer uso da língua sem saber descrevê-la. Ou seja, pode-se falar português e não ser capaz de saber quem é o sujeito e o objeto direto da sentença pronunciada. Da mesma forma acontece com a descrição da língua. Outro sim, um estudante de lingüística pode saber descrever, a exemplo simples, a língua grega, mas sem saber e precisar falar grego. Sendo assim, cabe ao professor em sala de aula ter como objetivo ensinar o uso ou a descrição da língua materna.
Nesse contexto do ensino da língua materna, ou melhor, da língua portuguesa, podemos sim afirmar que existe uma norma culta, e os professores atuantes em sala de aula deverão mostrar e ensinar aos seus alunos que existe um modelo de fala e escrita que deve ser seguido como norma padrão. Assim, cabe ao professor, em suas atribuições, dar acesso aos alunos à essa linguagem através de vídeos, textos escritos, e outros meios de comunicação.
O fato é que sabemos que a linguagem é predominantemente oral, mas não podemos perder de vista que fazemos uso da escrita que segue padrão e estilo. Além disso, temos a modalidade oral e escrita em que o professor tem que estar ciente de suas diferenças e usos para que não acarrete dificuldades durante o processo de ensino aprendizado de seus alunos. Em outras palavras, o educador deve mostrar as diferenças entre o padrão e o coloquial, mas sem demonstrar rejeição ao modo “não correto” de falar e escrever.
Seguindo esse pressuposto de como se ensinar a língua materna, se faz necessária a mediação do professor para mostrar o que o que é fala e escrita padrão, mas não a única via de aprendizado. Isto porque, mais necessário é o contato do sujeito com o dialeto padrão, para que com o uso das variantes lingüísticas os mesmos possam aprender a usar a língua. Com a prática e que se aprende a teoria!
Para citar exemplo simples para uso e aprendizado efetivo da língua, podemos seguir a atividade proposta por Ramos (1997, p.21) em que o professor poderá selecionar uma notícia que seja do interesse do alunado usando o recurso de vídeo para que aconteça a interlocução entre aluno e professor na demonstração e uso da norma culta. Sendo assim, segue os passos descritos pela referida autora : “(a) seleção do texto a ser gravado (b) transcrição do texto pelo professor; (c) audição do texto original; (d) análise crítica do texto; (e) leitura da transcrição, ouvindo a fita; (f) leitura da transcrição, seguindo ou não o padrão de entoação e pronuncia da fita; (g) redação do texto da notícia ou relatório da atividade realizada na sala naquela aula.” (RAMOS, p.21).
Pelo exemplo citado acima nota-se que com uso da mídia e textos falados aos quais o aluno já tem mais costume e domínio, pode ser fonte para o inicio do uso da norma culta na modalidade escrita, onde a leitura e escrita estão em foco. Nesse caso, o professor pode fazer uso de peças de teatro que estejam vinculados à realidade dos alunos; notícias de jornal do interesse dos alunos; e leituras e compreensão de instruções, tais como: bulas de remédios, roteiros de viagem, manuais, etc. Nesse sentido, cabe ao professor repensar as metodologias utilizadas em sala de aula para que o aluno possa compreender e aprender a fazer uso do continuum que a linguagem oral e escrita representam.
Segundo Castilho (Ramos, p.IX) existe a “necessidade de se inserir nos programas de língua portuguesa informações relativas à linguagem oral, sugerindo que uma ênfase particular deveria ser dada à língua falada, porque esta modalidade retém muitos dos processos de constituição da língua, os quais não aparecem na língua escrita.”
Destarte, o educador deve tomar como ponto de partida o conhecimento prévio e habilidade com língua portuguesa de seu alunos, para que os mesmos possam produzir textos sem grandes dificuldades e tornando o lócus da sala de aula mais agradável. Podemos levar em consideração os dizeres dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, MEC, 1998) que diz que o “ensinar língua oral deve significar para a escola possibilitar acesso a usos da linguagem mais formalizados e convencionais, que exijam controle mais consciente e voluntário da enunciação, tendo em vista a importância que o domínio da palavra pública tem no exercício da cidadania. Ensinar língua oral não significa trabalhar a capacidade de falar em geral. Significa desenvolver o domínio dos gêneros que apóiam a aprendizagem escolar de Língua Portuguesa e de outras áreas e, também, os gêneros da vida pública no sentido mais amplo do termo.” Outro sim, proporcionando ao sujeito a consciência do oral para o escrito.


RAMOS, Jânia Maria. O espaço da oralidade na sala de aula. São Paulo. Martins Fontes, 1997.






Linguagem Oral e Escrita no Referencial Curricular para a Educação Infantil

A oralidade é tema central desse Blog onde buscamos pesquisar e analisar a constituição da oralidade até a escrita no desenvolvimento dos seres humanos. Para tanto não devemos nos esquecer de um documento que se faz necessário à todos aqueles que estão imersos na área da educação, mas principalmente na Educação Infantil: O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
Vale notar que, o referido documento serve como base para que os educadores e instituições possam promover experiências significativas no processo de ensino aprendizado da língua trabalhando com a linguagem oral e escrita. (RCNEI, p.107.vol 3), e para que a escola seja um espaço de “ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades associadas às quatro competências lingüísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever.” ( RCNEI. p. 117.v.3) . Ou seja, cabe ao educador trabalhar o desenvolvimento da linguagem oral, da oralidade nos anos iniciais para ampliar a capacidade de comunicação de modo que a oralidade, a leitura e a escrita sejam apresentadas às crianças de forma integrada e complementar utilizando de recursos tais como: brincadeiras cantadas, músicas, cantigas de roda ou faladas, tais como: os trava-línguas e parlendas .
É a partir dessa “conversa inicial”, do uso da oralidade que a criança poderá balbuciar, “falar”o que está acontecendo em seu dia a dia, e a partir daí desenvolver a comunicação significativa até o momento de utilizar a escrita. Isto porque, “a ampliação de suas capacidades de comunicação oral ocorre gradativamente, por meio de um processo de idas e vindas que envolve tanto a participação das crianças nas conversas cotidianas, em situações de escuta e canto de músicas, em brincadeiras etc.,como a participação em situações mais formais de uso da linguagem, como aquelas que envolvem a leitura de textos diversos.” (RCNEI, p.228,vol3)

A oralidade faz
escrever !

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Envolvimento da oralidade na escrita

Segundo a autora Cancionila Janzkovski Cardoso em seu livro: Da oralidade à escrita: A produção do texto narrativo no contexto escolar, os falantes, a partir do contato face a face com seu interlocutor, podem monitorar o efeito de sua fala e, ao mesmo tempo, o ouvinte pode perguntar para esclarecer. A situação do escritor é, fundamentalmente, diferente. Ele e seu leitor estão separados no tempo e no espaço, sendo que, na maioria das vezes, é impossível prever com segurança a reação que o leitor terá.
Vejamos a comparação do texto oral, para interlocutor participante, com o respectivo texto escrito, para interlocutor não participante:

Texto oral (interlocutor participante):
Laila: eu fui no zoológico né .. com meu tio/
Aí ... perto da ... da porta tinha um ... um lê
... uma onça/
Aí meu primo falou .. ó a onça Laila .. aí eu
Falei assim .. eu falei assim .. cadê? Cadê?
Aí .. depois quando ele me mostrou .. eu
Quase caí no ... na
Cria. : no chão
Laila: no chão/ Ele quase me comeu!

Texto escrito (interlocutor não participante):
Rondonópolis, 16 de setembro de 1993
Um susto
Sestá feira Eu fui ão zologico elá
tinha uma onsa e meu trimo falou:
cuidado com a onsa e eu falei: cade,
Cade laesta.
Laila



Podemos observar na narrativa oral, que Laila conta sua história por meio de seqüências simples e curtas, hesita entre “leão” e “onça” e entre “no” e “na”, usa de repetição e do discurso direto, além da dramatização do objetivo da história.
Já no texto escrito, Laila conserva as frases curtas e as unidades de idéias avulsas. Há também, um claro apoio na entonação, quando escreve sem segmentar “elá” (e lá) e “laestá” (lá está). Todos esses aspectos demonstram a fragmentação e o envolvimento, próprios da oralidade, que permanecem na escrita.


CARDOSO, Cancionila Janzkovski. Linguagem oral e linguagem escrita: Processos dinâmicos de mútua influência. Da oralidade à escrita: A produção do texto narrativo no contexto escolar. Cuiabá: EdUFMT, 2000. p. 131-202

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Narração de histórias e desenvolvimento da oralidade

A oralidade está presente na narração de histórias e ao se trabalhar a narrativa em sala de aula temos a oportunidade de contribuir para que os educandos não só adquiram conhecimento, mas construam o mesmo, por meio de uma prática prazerosa e ao mesmo tempo educativa. Muitos desses conhecimentos são referentes a escrita. Assim sempre haverá uma linha entre o universo da oralidade e da escrita, sendo que a importância da oralidade aqui defendida está não só como um caminho para escrita, mas que ela como meio de expressão e comunicação seja praticada pelos sujeitos de forma clara e coerente com o contexto em que se está inserido. Os quadros que seguem apresentam alguns estágios da narração de histórias a serem alcançados pelos educandos por meio dessa prática.






segunda-feira, 20 de junho de 2011

Resenha do artigo A Chave da Decifração

Falar é diferente de escrever


De acordo com o autor a escrita é algo inventado pelo homem para representar a fala através de formas gráficas. Já a linguagem oral é um fato social, no sentido de que todos os falantes contribuem para formar, preservar e mudar as linguas do mundo.
No caso da escrita, há sempre um poder governamental que estabelece normas e fixa convenções, nem sempre acatando os usos estabelecidos na sociedade. Nenhum governo tem domínio sobre o dialeto padrão, uma norma culta de fala, mas pode facilmente controlar a ortografia.
Existem dois tipos de sistema de escrita o fonográfico e o ideograáico. O português é fonográfico. Pondo em prática o reconhecimento gráfico das letras e atribuindo os sons, pode-se decifrar grande parte da palavra. mas para que a tarefa se complete, é preciso descobrir que palavra está escrita. Aí surgi uma dificuldade no sistema de escrita porque a linguagem oral varia muito e a escrita precisa permanecer imutável ao longo do tempo.
Nós os professores sabemos que essa é uma grande dificuldade apresentadas pelas crianças. Elas têm dúvidas sobre como se escreve esta ou aquela palavra. sabe-se que algumas letras tem o mesmo som como no caso de CH e X, O e U, E e I e outras.
O autor afirma a esse respeito que a escrita deixa de ser fonográfica e se torna ideográfica o valor fonético do alfabético é substituído pelo valor ideográfico da ortografia. O sistema de escrita vive em função de regras. Afirma que uma pessoa que lê ou escreve põe em prática essas regras. Sem elas ninguém é capaz de ler e escrever. De acordo com ele, o segredo da alfabetização está justamente no conhecimento que o usuário precisa ter destas regras e da escrita em geral.
Dessa forma pode-se perceber que as marcas de oralidade na escrita, seram mais frequentes tanto quanto menor for o conhecimento do sujeito em relação as regras do sistema de escrita e da escrita em geral.

CAGLIARI, Luiz Carlos Cagliari. A chave da decifração. Unicamp- IEL, 1992 (texto datilografado)

terça-feira, 14 de junho de 2011


A escrita tem suas vantagens?


Considerando a escrita enquanto forma de linguagem, é possível perceber tamanha importância a ela atribuída em diversas culturas ao longo do tempo. Apesar disso, a fala, que também é uma forma de linguagem, seria menos importante que a linguagem escrita? Ou talvez a linguagem oral esteja subjugada á escrita? Existem estudiosos como Roxane Rojo que discutem as relações entre a oralidade e a escrita. Esta autora, em um de seus textos, apresenta os mitos e perspectivas dessa relação.

No texto “As relações entre fala e escrita: mitos e perspectivas” a autora, acima citada, aponta a existência de uma dicotomia entre linguagem oral e linguagem escrita. Esta dicotomia consiste na divisão ou na separação da fala e da escrita como modalidades (formas de linguagem) distintas. Partindo dessa dicotomia a autora ressalta que criaram-se mitos que contribuíram para que a fala se tornasse submissa em relação à escrita.

Os mitos criados a partir da perspectiva da dicotomia apontam a fala como desorganizada, variável, heterogênea e a escrita como lógica, racional, estável, homogênea; a fala como não planejada e a escrita como planejada e permanente; a fala como espaço do erro e a escrita como o da regra e da norma; a fala como expressão apenas sonora e a escrita como gráfica, entre outros apontamentos. Em relação a efeitos sociais e culturais, tais mitos ainda colocam a escrita como meio de se alcançar estágios mais complexos e desenvolvidos de cultura e de organização cognitiva do indivíduo, dando acesso a poder e mobilidade social.

A autora aponta que a fala (discurso oral) parte da situação em que acontece. Já a escrita se organiza segundo a estruturação interna dos seus significantes, tendo por base mais a sua autotextualidade do que seu contexto. Por exemplo, dois amigos ao se falarem por telefone não precisam detalhar informações sobre uma temática que é conhecida por ambos, eles podem dar foco ás informações novas sobre o assunto. Mas se esta mesma temática fosse notícia em um jornal, revista ou outro veículo de comunicação, seria necessário explicitar cada detalhe, com toda a história para, então, noticiar a novidade.

Ao se transcrever uma entrevista ou conversa gravada é possível perceber interrupções, correções, tempo entre as palavras que vão sendo ditas. Com isso, a autora relata a existência de turnos de fala do diálogo. Numa conversa não é preciso esperar que o outro acabe de falar tudo o que pretende dizer, poi é possível interromper, falar junto, repetir quando concorda, completar, entre outras possibilidades. Estes aspectos da linguagem oral são o que levam a impressão de fragmentação e de desorganização da fala em relação a escrita. Apesar dessas impressões, a autora ressalta que, não se pode afirmar que a fala, mesmo que em uma conversa cotididiana, é desorganizada, fragmentada e herogenea. O que deve ser colocado é que a fala tem outro tipo de organização, adequada ao gênero textual e ao contexto.


ROJO, Roxane. As relações entre fala e escrita: mitos e perspectivas. Caderno Ceale. Ceale/MEC.