segunda-feira, 18 de abril de 2011

Pontos mais relevantes do artigo de Eric Havelock




A humanidade se destacou diante das outras espécies pelo seu poder de comunicação. A especialização do cérebro foi acompanhada por uma especialização paralela dos órgãos que articulam os sons da fala. O produto desse milhão de anos de especialização que identifica nossa espécie como humana é a língua.

Sendo assim o ser humano natural não é escritor ou leitor, mas falante e ouvinte. A cultura escrita, em qualquer estágio de seu desenvolvimento e em termos do tempo evolutivo, é mera “presunção”, um exercício artificial, um produto da cultura, não da natureza, imposto ao homem natural.

Bons leitores surgem a partir de bons falantes. È necessário para a criança reviver as condições do legado oral, o ensino da cultura escrita deveria ser desenvolvido com base na suposição de que seja precedido por um currículo que inclua as artes orais: canções, danças recitações etc.

A língua grega antes de Platão, mesmo quando era escrita, era composta segundo as regras da composição oral e tinha que suportar o fardo da instrução pessoal e da orientação social de cada um.

Os segredos da língua não estão no comportamento da língua usada na conversação, mas na língua empregada para o armazenamento de informações na memória. Essa língua deve preencher dois requisitos: tem sempre de ser rítmica e narrativa. Sua sintaxe deve sempre escrever uma ação ou uma paixão, mas nunca princípios e conceitos.

A herança oralista ainda pode funcionar. Por mais limitada que sejam suas formas de expressão e conhecimento – rítmicas, narrativas, de ação orientada -, constituem complemento necessário à nossa consciência abstrata da cultura escrita.


Bibliografia:

HAVELOCK, Eric. A equação oralidade – cultura escrita: uma fórmula para a mente moderna. In: OLSON, David R.; TORRANCE, Nancy. Cultura escrita e oralidade. São Paulo, Editora Àtica, 1995. p.17- 34